Episódio
14
Quanto mede um
metro? Em tempos que já lá vão os metros não eram todos iguais, uns mediam
mais, outros mediam menos, dependendo muito da precisão dos entalhes feitos no
varapau que servia de bitola.
Depois, há mais
de duzentos anos, lá na França de Napoleão, uns senhores muito sensatos e
inteligentes resolveram arranjar forma para que o metro fosse igual em todo o
lado a começar pelo seu próprio país.
Então, voltas e
mais voltas, decidiram que uma maneira simples e expedita seria medir o
meridiano terrestre (o que passava por Paris claro), depois dividia-se por
quatro e o resultado por dez milhões e tínhamos o metro. E, para que do feito
ficasse memória, foi fundido um modelo, o tal metro-padrão, em platina iridiada,
um luxo só possível pelo financiamento através de campanhas de angariação de
fundos que Napoleão levou a efeito por toda a Europa e arredores.
A procura da
verdade e a ânsia de rigor são apanágio do ser humano (tome-se como exemplo os
números apresentados diariamente pela Sra Ministra da Saúde acerca das baixas
provocadas pelo corona), daí que novos cientistas considerassem que o tal metro
laboriosamente calculado com base no tamanho da Terra não media bem. O que mede
bem é o metro calculado com base na velocidade da luz no vácuo! E não é que o
conseguiram fazer. Agora um metro é a distância percorrida, no vácuo, por um
raio de luz durante um intervalo de tempo correspondente a um segundo a dividir
por cerca de trezentos milhões, estão a ver?
Mas esta medida
da distância entre dois pontos, tem actualmente um uso alternativo: mede
distanciamento social, que é uma coisa com raízes na Sociologia. O
distanciamento de duas unidades daquela medida é o limiar de segurança, menos
do que isso é perigoso.
Com toda a propriedade
se diria afastamento físico, mas não seria bonito, nem ficava bem. Pior seria
que as pessoas na iminência de se cruzarem, dentro do limiar de segurança
fossem aconselhadas a dizer vade retro!
3 de Maio de
2020.
Sanchez
Antunes
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