O que assumo, não é propriamente a escrita de
um diário de alguém arcado por desusadas realidades. Mas, o historiar disse
alguém que, enquanto detido, tenta fazer relato do esforço empreendido por si,
na tentativa de ir empurrando as paredes do confinado afim de criar mais e mais
espaço que o contrabalance perante essa incerteza de não saber até quando. Ou
seja: uma vez que assim terá de ser, vou entrar em quarentena de devaneio. E
digo, que para tanto, não trago planos. Vou observar o desembrulhar dos dias,
vou-lhe juntando materiais que de mim venham, mas que desconheço e, com a
paciência de um observador do acaso, fico esperando o surpreendente de
encontrar um corredor de fuga, que me subtraia a esta estranha sensação de
estar a ser roubado aos dias.
Ser a barca
E ser a vela
E mais o vento
Que sopra nela.
25 março 2020
João
Santiago
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ResponderEliminarBem merecido. É um belo texto, que espera por mais!
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