Alguém canta lá fora. Uma voz de
mulher, entoa uma cantilena melancólica e monocórdica. Não distingo as palavras
nem conheço a melodia. Talvez tente espantar os medos que habitam este nosso
tempo. Tempo novo e diferente, que nos isola uns dos outros e nos faz viver em
clausura. Que nos transformou e vai fazer de nós seres diferentes. Já seremos
diferentes neste momento, creio. Apraz-me verificar como, tanto entre nós como
no plano internacional, se juntam esforços, saberes, ferramentas para encontrar
um medicamento que cure esta pandemia e uma vacina que a previna. E, tanto
pessoas individualmente como indústrias se desdobram e reinventam para fabricar
apetrechos necessários para proteger em especial todos os que lidam
directamente com os doentes do covid19. Também há os oportunistas, os
aldrabões, os vendilhões do templo, como acontece em situações de catástrofe,
mas nesses não quero focar-me. Neste momento, preciso, precisamos, de acreditar
que nós, os humanos, também somos capazes de fazer coisas boas.
Como será, como seremos, depois disto
tudo, não sei nem faço adivinhações. Acredito que tudo será diferente, tenho
dúvidas que doem, mas quero viver como se hoje fosse o primeiro.
9 de Abril de 2020
Natércia
Fraga
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