Tenho
lido com atenção e apreço a participação de todos, neste" diário em tempo
de vírus”, que muito agradeço.
Aproveito
para vos desejar uma Páscoa Feliz, apesar dos tempos conturbados em que
vivemos.
Aproveito
também para partilhar convosco um pouco do meu quotidiano e das reflexões e
perplexidades, a que as circunstâncias do presente e de um futuro incerto, me
têm levado.
E não é
tanto o estar confinada em casa, o que me preocupa... Com efeito, gosto de
permanecer em casa, de ler, de escrever, de ouvir música, de ver as notícias,
vídeos e filmes. Gosto de brincar com os meus gatos ou descobrir maravilhada em
cada manhã desta primavera, o desabrochar de uma das minhas orquídeas ou
violetas ou auscultar se as roseiras e as túlipas sobrevivem, na exígua
varanda, que por estes dias, me separa do mundo lá fora ...
De dois
em dois dias cozinho ou faço um pouco de exercício físico com a ajuda do
YouTube, alternadamente.
Confinei-me
um pouco antes de o governo o ter determinado ou da Uniseti ter fechado... No
dia 5 de Março. Foi o tempo de ir à farmácia e a mais do que um supermercado,
fazer as minhas últimas compras. Não açambarquei (o telemóvel não me deixa
escrever a palavra correctamente...), mas abasteci os meus armários e
frigorífico " generosamente"... E só assim me posso dedicar às artes
culinárias e ter a liberdade de escolher entre uma bolonhesa de soja, um
bacalhau gratinado ou um arroz de marisco...
No dia
em que faço comida, o meu filho aparece ali fora, na escada, a uns bons dois
metros, para se abastecer, ele também, e trazer alguns víveres, que vão
faltando.
E porquê
este confinamento logo a 05 de Março, perguntarão vocês?
Vi as
notícias que vinham da China e pensei que "a coisa" parecia feia,
mas, talvez, como de outras vezes, tivéssemos sorte e não chegasse cá. Contudo,
quando, a partir do fim de semana de 21/22 de Fevereiro presenciei o que se
estava a passar em Itália e o "ziguezaguear" na tomada de decisões, a
falta de adesão por parte das populações, como se desvalorizassem o assunto, ou
estivessem em negação, e os resultados e consequências que, paulatinamente, nos
iam chegando,
assustei-me
ao pensar que o vírus não tardaria a aparecer por cá.
E
por intuição ou instinto de sobrevivência, decidi fechar-me em casa (pertenço à
faixa etária que vocês bem conhecem, sou asmática e adoro Viver...).
Como
disse atrás, não é o estar confinada, que me aflige. É, sim, uma certa falta de
liberdade... A perda de liberdade de poder sair quando apetece (eu sei que se
pode sair, mas...), de poder ir ver o mar... Tenho tantas saudades do mar!!! A
perda de liberdade de ir até ao Bonfim, sentar debaixo de uma árvore, ver os
patinhos no lago ou o verde da relva.... É a perda de liberdade de dar um
abraço ou um beijo às pessoas de quem gostamos, de "jogar conversa
fora", olhando olhos nos olhos os nossos familiares e amigos, de dar uma
boa gargalhada, partilhada e feliz!!!...
Mas é
sobretudo a perspectiva da continuidade desta situação ao longo do tempo,
que me preocupa... E as suas consequências...
O facto
de os médicos e os cientistas ainda saberem muito pouco sobre o vírus,
andarem a " tatear no escuro", deixa-me apreensiva. E,
meus amigos, o facto é que, não poderemos abrandar a vigilância sem a existência
de uma vacina e/ou medicação eficaz.
Também
me preocupam as consequências: económicas e sociais, os dramas que
inevitavelmente irão chegar ou já estão a acontecer, entre muitas "quatro
paredes"...
Vou vos
deixar depois desta conversa partilhada. Nos dias festivos sentimo-nos mais
"alone" do que nos outros...
Eu fico
bem. Fiquem bem igualmente! Não confiem demasiado na sorte...
Um
abraço virtual a todos.
11 Abril 2020
Conceição
Malveiro
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