domingo, 19 de abril de 2020

REGISTOS DE UMA QUARENTENA OU MAIS...



Episódio 12
Nunca me passou pela cabeça ouvir falar tanto dos seniores ou dos idosos, como também lhes chamam, nem que lhes fossem dispensadas tantas páginas de jornais, revistas, telejornais e coisas que tais. Infelizmente as razões de tal protagonismo não são agradáveis, todos sabemos, por isso, toda a atenção que for prestada àqueles que se incluem no assim chamado grupo de risco é bem-vinda, nomeadamente as recomendações que são difundidas a toda a hora. Mas começo a sentir que já é demais. Os que têm mais idade sabem que não são novos e que, se a cabeça ainda funcionar mais ou menos, tem consciência do risco que os rodeia e da maneira de minimizar esse risco. Mas não é preciso que a toda a hora estejam a relembrar-lhes que são idosos e têm riscos acrescidos. É deprimente.
Depois lá vem a estatística para aliviar a sociedade: não se preocupem, dos que morreram com o vírus a grande maioria eram idosos.
Voltando à questão da ocupação do tempo dos que estão retidos em casa, chegam-lhes soluções para todos os gostos e situações. Há soluções disparatadas, hilariantes, intelectuais, didactico-culturais, um mundo.
Há um par de dias recebi um e-mail de uma organização da área dos serviços sociais que, para ocupar o tempo, propunha aos destinatários, entre outras actividades, uma visita virtual a nada menos que 500 museus, todos eles do melhor que há. Feitas as contas, mesmo com visitas de duração mínima admissível, o tempo necessário para os visitar levam-me a concluir que a crise está para durar... Bolas!   
    
17 de Abril de 2020.
Sanchez Antunes

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