Episódio
12
Nunca me passou
pela cabeça ouvir falar tanto dos seniores ou dos idosos, como também lhes
chamam, nem que lhes fossem dispensadas tantas páginas de jornais, revistas,
telejornais e coisas que tais. Infelizmente as razões de tal protagonismo não
são agradáveis, todos sabemos, por isso, toda a atenção que for prestada
àqueles que se incluem no assim chamado grupo de risco é bem-vinda,
nomeadamente as recomendações que são difundidas a toda a hora. Mas começo a
sentir que já é demais. Os que têm mais idade sabem que não são novos e que, se
a cabeça ainda funcionar mais ou menos, tem consciência do risco que os rodeia
e da maneira de minimizar esse risco. Mas não é preciso que a toda a hora
estejam a relembrar-lhes que são idosos e têm riscos acrescidos. É deprimente.
Depois lá vem a
estatística para aliviar a sociedade: não se preocupem, dos que morreram com o
vírus a grande maioria eram idosos.
Voltando à
questão da ocupação do tempo dos que estão retidos em casa, chegam-lhes
soluções para todos os gostos e situações. Há soluções disparatadas,
hilariantes, intelectuais, didactico-culturais, um mundo.
Há um par de dias
recebi um e-mail de uma organização da área dos serviços sociais que, para
ocupar o tempo, propunha aos destinatários, entre outras actividades, uma
visita virtual a nada menos que 500 museus, todos eles do melhor que há. Feitas
as contas, mesmo com visitas de duração mínima admissível, o tempo necessário
para os visitar levam-me a concluir que a crise está para durar... Bolas!
17
de Abril de 2020.
Sanchez Antunes
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