quarta-feira, 8 de abril de 2020

IDA ÀS COMPRAS



Tive hoje uma saída precária. Prevendo o agravamento da pena, decidi ir às compras. Neste meu percurso observo à porta de uma padaria uma fila organizada de pessoas mantendo a distância preconizada. Atravesso uma das grandes avenidas da cidade, outrora povoada de movimento, e cruzo-me não mais do que com duas pessoas e um carro em circulação. As ruas estão agora desertas. A cidade está vazia e mergulhada num cúmplice silêncio.
Já no supermercado verifico que as pessoas não se atropelam e mantêm a distância devida, já não há correrias, nem açambarcamento nem prateleiras vazias.
A   ida às compras tem hoje um outro propósito. Ir às compras significa sobretudo comprar o que é útil para assegurar as necessidades básicas. O significado de utilidade não é mais a aquisição do supérfluo e do que nos propõe a publicidade agressiva, apoiada em grande parte pelas campanhas de marketing   e à arte subtil de venda e do consumo da abundância, do apelo ao consumismo exagerado que as grandes superfícies e fóruns comerciais tão bem representam.
Algo irá mudar na nossa forma de ser e de estar.

01/04/ 2020
Fernanda Resende

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