Tive hoje uma saída precária. Prevendo o
agravamento da pena, decidi ir às compras. Neste meu percurso observo à porta
de uma padaria uma fila organizada de pessoas mantendo a distância preconizada.
Atravesso uma das grandes avenidas da cidade, outrora povoada de movimento, e
cruzo-me não mais do que com duas pessoas e um carro em circulação. As ruas
estão agora desertas. A cidade está vazia e mergulhada num cúmplice silêncio.
Já no supermercado verifico que as pessoas não
se atropelam e mantêm a distância devida, já não há correrias, nem
açambarcamento nem prateleiras vazias.
A ida às compras tem hoje um outro propósito. Ir
às compras significa sobretudo comprar o que é útil para assegurar as
necessidades básicas. O significado de utilidade não é mais a aquisição do
supérfluo e do que nos propõe a publicidade agressiva, apoiada em grande parte
pelas campanhas de marketing e à arte
subtil de venda e do consumo da abundância, do apelo ao consumismo exagerado
que as grandes superfícies e fóruns comerciais tão bem representam.
Algo irá mudar na nossa forma de ser e de
estar.
01/04/ 2020
Fernanda Resende
concordo plenamente consigo ,algo vai mudar nas nossas vidas e...muito!
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