Episódio
11
Ontem foi Domingo
de Páscoa. Já passou, mas, na nossa memória, ficará como um dia sofrido.
Os dias santos, a
par de outros não santos mas também importantes, tem em comum, entre nós e na
maioria dos casos, celebrarem-se à mesa, certamente com excepções que
desconheço.
No Domingo de
Páscoa, em tempos que já lá vão, o costume familiar variava entre fazer um
piquenique no campo ou sentados à mesa, à volta do borreguinho no forno. De uma
maneira ou de outra havia pessoas a festejar comendo. E esse acto tão simples
de comer, na sua essência faz a distinção entre o homem e o animal: o homem
come, o animal alimenta-se.
Mas esta Páscoa,
por aquilo que todos sabem, não tive à mesa a presença da família mais próxima.
Que mal teremos feito para que tal nos acontecesse?
A divindade
estará zangada? Então, como nos tempos bíblicos, sacrifiquei um anho, e ofereci
esse sacrifício a Lares e Penates, para os apaziguar, caso os tenha ofendido.
Depois a vítima
foi purificada pelo fogo (assada, primeiro em forno baixo, e a seguir mais
esperto para acabamento) e já sobre a ara familiar foi-lhe prestada a homenagem
que merecia, pelos dois únicos celebrantes em retiro forçado.
13
de Abril de 2020.
Sanchez Antunes
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